Relatório da FAO salienta escassez de água em 2050
No passado dia 14 de Abril foi divulgado o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) intitulado “Rumo a um futuro com segurança hídrica e alimentar”, apresentado no VII Fórum Mundial da Água, que ocorreu em Daegu, na Coreia do Sul, entre 12 e 17 de Abril. De acordo com o documento, elaborado em conjunto com o Concelho Mundial da Água (WWC), prevê-se que a escassez de água em 2050 venha afetar dois terços da população mundial, devido ao consumo excessivo de água para a produção de alimentos e para a agricultura.
Embora se estime que exista água suficiente para satisfazer o setor alimentar a nível mundial, a distribuição deste recurso continua desequilibrada e cada vez mais regiões enfrentarão problemas de escassez de água, o que terá consequências cada vez maiores ao nível da segurança alimentar e em diversas atividades económicas.
Grande parte do crescimento da população mundial até 2050 ocorrerá em cidades de países em desenvolvimento, aumentando assim as necessidades urbanas de água e alimentação. Ao mesmo tempo, estima-se que em 2050 uma parte substancial da população mundial continuará a ganhar o seu sustento através da agricultura, que por sua vez continuará a ser o maior consumidor de água a nível mundial.
Alguns dos pontos críticos mencionados no relatório não são novidade, mas não será demais mencionar: a continuação do uso dos recursos hídricos de forma insustentável (em particular nas áreas de maior produção agrícola do Globo) e as alterações climáticas em curso conjugam-se num cenário preocupante.
A FAO e o WWC alertam para a urgência de investir em programas de desenvolvimento tecnológico e práticas de gestão que aumentem a produção sustentável (em pequena e grande escala), em investigação e análise de risco, assim como em políticas de proteção social. Investimentos em água, saneamento e saúde serão componentes essenciais para reforçar a segurança alimentar e nutrição, particularmente em países de baixos rendimentos.
Para haver uma verdadeira evolução, terá de haver maior transparência por parte das entidades gestoras da água (quantidade disponível de água, qualidade, preços reais) que garantam medidas de proteção para os mais desfavorecidos. A implementação de inovações na gestão da água nos vários setores será crucial, em parte devido ao aumento da concorrência no abastecimento limitado de água.
Pode encontrar aqui o relatório (inglês apenas).